Cartografias
Abro mapas e pre
Vejo linhas precisas
Examino-os na horizontalidade
Necessária
Para te escrever poemas
Jogo-te os búzios que me apontam
Os lugares pelos quais passarás
E me surpreendo
Sobre o olhar de minha lupa
A imprecisão das pequenas conchas
Sobre a certeza cartográfica do atlas
Dispo-me do jaleco branco e
Desenrolo meu turbante púrpuro
Arranco os colares de ouro e
Queimo brincos e penas
Banho-me da tinta negra e
Grito
Apenas
(cigana)
Siga Ná
E nunca olhe pra trás
Não trago a pessoa amada em três dias
Somente
Escrevo mapas e desenho poemas
Signos
(tão linguísticos quanto astrológicos)
Para queimá-los
Logo depois
A fim de deixar
As cinzas marcarem o caminho
À frente